terça-feira, 31 de julho de 2012

Soneto do desmantelo azul

"Então, pintei de azul os meus sapatos
  por não poder de azul pintar as ruas,
  depois, vesti meus gestos insensatos
  e colori, as minhas mãos e as tuas.

  Para extinguir em nós o azul ausente
  e aprisionar no azul as coisas gratas,
  enfim, nós derramamos simplesmente
  azul sobre os vestidos e as gravatas.

  E afogados em nós, nem nos lembramos
  que no excesso que havia em nosso espaço
  pudesse haver de azul também cansaço.

  E perdidos de azul nos contemplamos
  e vimos que entre nós nascia um sul
  vertiginosamente azul. Azul."

Carlos Pena Filho.
Livro Geral, página 77, composto e impresso nas oficinas da Gráfica e Editora Liceu para
Maria Tânia Carneiro Leão e Clara Maria do Souto Pena, 1999.

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